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Foto do escritor Ingrid Osternack

Livro - Como se tornar um ilustrador


Se você me acompanha, sabe que gosto muito de ler. E essa semana estava lendo o livro How to be an Illustrator, do Darrel Rees.


Mesmo já tendo produzido o meu livro "Ilustrando Livros Infantis - Orientações para o Ilustrador Iniciante", disponível em E-book pela Amazon, eu gosto de conhecer a experiência de outros ilustradores.


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Voltando ao livro How to be an illustrator, assim como o meu, a ideia é ser um guia para aspirantes a ilustrador. Ainda não li ele todo, mas vou contar aqui um pouco sobre como ele começou sua carreira.


Britânico, Darrel Rees é ilustrador há muitos anos, tem uma agência de ilustração e também faz parte do júri de alguns concursos.


No livro, ele conta um pouco de sua história, tem conteúdo a respeito da profissão e muitas entrevistas com ilustradores das mais variadas áreas.


Hoje eu vou falar sobre a introdução e o primeiro capítulo do livro: COMO SE TORNAR UM ILUSTRADOR


1. Só talento não basta


Na opinião do Darrel Rees, não basta somente talento para você ser um ilustrador bem sucedido. Quando ele fala em bem sucedido, não é um ilustrador que tenha reputação internacional, nem prêmios, mas alguém que esteja produzindo ilustrações profissionalmente. Ou seja, que tem clientes e renda através disso.


Para ser ilustrador, não basta somente criar arte que seja boa, mas tem que conhecer o ‘campo’, as publicações que existem, quem as publica, como chamar a atenção de um editor, e como sobreviver na selva editorial. Algo que, segundo ele, não ensinam na faculdade.


Para ele, os diretores de arte são as pessoas mais importantes do mundo. Aqui no Brasil, nem todos os clientes terão o cargo de diretor de arte. Mas dependendo da área que você for atuar, podem ter essa função, sim.


Segundo ele, a falta de preparo comercial pode atrasar a sua entrada no mercado de trabalho. E um preparo adequado pode evitar anos de humilhação, rejeição e frustração - que ele diz ter sofrido quando começou.


Se tornar ilustrador vai além de saber desenhar e técnicas, mas não é preciso aprender tudo de uma vez. Como tudo na vida, vamos aprendendo aos poucos.


Hoje em dia, o ilustrador não foca somente numa área, mas pode trabalhar em várias, o que faz não somente o trabalho mais interessante, bem como abre mais oportunidades de trabalho.


Segundo Darrel, um bom desenho nem sempre é uma boa ilustração. Na verdade, há quem desenhe pior, na opinião dele, e tenha mais clientes do que aquele que desenha bem. Porque, para ser comercial, uma ilustração não precisa seguir anatomia nem perspectiva, obrigatoriamente. Você pode notar que raramente vamos ver uma ilustração que usa lápis grafite e o desenho é uma fotocópia do que é real.


Na opinião dele, as escolas tradicionais de arte acabam fazendo com que você aprenda muito sobre desenho, mas acaba negligenciando o aspecto comercial e financeiro, fundamentos que serão muito úteis no mercado de trabalho.


Por isso, com o passar do tempo, na faculdade, ele passou a não ter mais prazer em desenhar e acabou focando em colagens. Ele colava imagens e frases, tentando expressar seus pensamentos. E essas imagens eram as que encontrava, não criando algo ele mesmo. Tudo o que fez foi unir desenhos e palavras recortadas.


Tendo muitos colegas que desenham de modo ‘sublime’, Darrel conta que o desenho deles apenas retrata algo, mas que não retira ou acrescenta informações. E na ilustração, muitas vezes precisamos decidir o que vamos inserir ou omitir, transcendendo o real, para atender a um pré-requisito, que pode ser uma narrativa ou um briefing.


2. Características de personalidade


Ele também diz que há certos aspectos da profissão que não podem ser ensinados, que são praticamente parte da personalidade de uma pessoa, e que são necessários para nossa profissão, como por exemplo: o prazer em trabalhar com ilustração, a curiosidade, senso de humor e pensamento lateral.


Auto motivação é algo que é necessário também, pois o ilustrador geralmente é o próprio chefe, e tem que ter iniciativa para buscar trabalho, ter habilidade e mindset para trabalhar com o incerto.


Segundo ele, há meses em que nada aparece. Ele conta que, na primeira semana, você até fica aliviado, pensando que é um bênção e que poderá descansar.


Na segunda semana, já começa a ficar nervoso... E na terceira, acha que sua carreira acabou e que nunca mais vão chamar você para nenhum trabalho.


Opiniões sobre uma determinada carreira variam de pessoa para pessoa, e o que funciona para um, nem sempre funciona para outra.


É importante estar aberto a críticas, conselhos e orientações.


3. Proatividade antes mesmo de estar pronto


Segundo Darrel, mesmo que você ainda esteja estudando, esteja em outro emprego, esteja com filhos pequenos, ou seja, seu momento não é o ideal, é bom ir fazendo algumas coisas, e deixando o campo arado.


Darrel conseguiu alguns trabalhos durante a faculdade, o que ajudou muito a gerar novos trabalhos. Ele atribui essa conquista ao fato de ter preparado um portfólio durante esse tempo, pedido para outras pessoas avaliarem e ter providenciado uma presença online com seu website antes mesmo de se formar. Ou seja, muita proatividade da parte dele. Ele não ficou esperando alguém o ‘descobrir’.


Procurar editoras que publicam livros com ilustrações similares ao estilo que você produz podem ajudar muito a focar em clientes que teriam interesse em trabalhar com você.


A diferença entre um hobby e um trabalho é que você tem que ter uma atitude proativa para promover seu trabalho, procurar e conquistar clientes.


Como profissionais, devemos nos diferenciar do estudante de arte, que tem uma pasta gigante, com tudo que já fez, e não tem presença digital.


Como tudo se desenvolve e muda, assim também mudam as necessidades de ilustradores. Por isso, clientes estão sempre procurando novidades e novos estilos. E é aí que surge a chance de você entrar no mercado de trabalho: procurando inovar e se destacar.


4. Clientes


Para conseguir contatos de clientes, ele recomenda que a cada pessoa que você encontrar da área – colegas, autores, ilustradores, editores, funcionários de empresas, professores, peça um contato de cliente que poderia se interessar por seu estilo, e assim você vai construindo uma base de clientes. E se eles recomendarem mais de um, em breve você terá um lista grande de possíveis clientes.


Por isso, a recomendação dele é ir a eventos onde essas pessoas da área estarão, como associações, sociedades literárias, feiras... Embora o ilustrador trabalhe sozinho e os contatos sejam virtuais, ele acredita que o contato com a pessoa, cara a cara, é ainda a melhor forma de se conseguir trabalho.


Morar em grandes centros também ajuda, embora se possa trabalhar no virtual. Mas é fato que estar onde estão os clientes e editoras ajuda muito.


Também é importante fazer uma lista de clientes e atualizar sempre, de modo que você possa manter contato, para que se lembrem de você. É como diz o antigo ditado: quem não é visto, não é lembrado.


Como conselho final, vale lembrar que a transição de apaixonado por ilustração para ilustrador profissional é gradativa. Segundo ele, aprendemos mais na experiência profissional que na faculdade.


Minha opinião a respeito


Eu concordo com ele que talento só não basta. É preciso se preparar, mas também buscar experiências para aprender. Às vezes, temos que sair de nossa zona de conforto para aprender mais, e tentar vivenciar a carreira, mesmo com começos considerados mais humildes.


Também acho que é preciso ter uma personalidade que tenha prazer em desenhar, em criar, em tentar se aprimorar, não ficar estagnado, tentar aprender sempre, ser interessado nos aspectos da área, estar preparado para um trabalho mais solitário, e ter muita proatividade. Não basta aguardar alguém descobrir seu talento. Há muita gente talentosa por aí. Mas temos que nos posicionar e avaliar se nosso trabalho está de acordo com o que o mercado procura. Proatividade é, na minha opinião, o que diferencia se você vai realizar ou não o seu sonho de ilustrar.


É preciso ser muito organizado e conseguir trabalhar de modo que você mesmo se motive para fazer suas ilustrações. Há pessoas que só fazem se forem mandadas, se tiverem um prazo dado por alguém, se forem praticamente ‘obrigadas’ a fazer. O ilustrador tem que ser autônomo na sua vontade, tem que priorizar o seu trabalho e encarar como trabalho.


Há pessoas que querem ser ilustradores porque acham que desenhar é um prazer e assim não estariam trabalhando. Acreditam que ilustrar é um trabalho fácil.


Mas ser ilustrador é um trabalho duro que requer muita disciplina. E criar imagens para outras pessoa requer um esforço mental grande, criatividade, organização e desenvolvimento contínuo.


Sobre aprender mais na prática que na faculdade, acredito que aprendemos tanto academicamente quanto profissionalmente, e ambos se complementam. Um não exclui o outro. A teoria, a prática e a experiência se unem e fazem do ilustrador um profissional que pode se destacar no oceano de ilustradores que há no mundo.


Obviamente, não basta você saber tudo sobre o aspecto comercial se o seu trabalho de ilustração não é bom e não tem mercado.


E uma experiência profissional, onde você pode empregar as habilidades que aprendeu, pode ser um diferencial no mercado de trabalho, e também lhe dar confiança e o mindset necessário para você entrar com o pé direito na carreira de ilustração.


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